domingo, 17 de outubro de 2010

Eu acho que nunca o entendi, mesmo depois dos anos, os quais vivemos juntos. Nunca comprendi seus olhares, ou procurei ouvir o que me dizia. Eu estive satisfeito com a infelicidade de estarmos juntos, desde que estivessemos juntos. No final, eu não sabia mais o que faziamos ali, mentindo sobre sermos perfeitos um para o outro, sendo que na realidade sofriamos cada segundo que eramos forçados um a presença do outro. Conforme os anos passaram e o todo aquele amor fora substituído por um ódio de mesmo tamanho. O problema real de tudo isso é que conviver com alguém que se ama é basicamente aceitável, mas amar alguém sem paixão é completamente cansativo. E todas aquelas noites em que nos deitavamos, eu e ele na cama grande, podia jurar que ela estava vazia. Não o acha mais atraente, e nem o mais caloroso abraço continha meu frio, ou achava graça sequer no jeito que seus lábios formavam um bico enquanto sonhava. Estava perdido.
Então nos decidimos, e com malas feitas, eu sai de lá. Entre imaginar-me infeliz com ele, e imaginar-me infeliz sozinho, admito, houve grande dúvida na escolha. E por meses questionei minha decisão de larga-lo. Afinal, ainda o amava, ainda o amaria. O fato da paixão não ser uma vela que possa voltar a ser reacendida era de certo permanente. E eu sofria com isso, me martirizando por nunca ter entendido que o amor, ah o amor, não dependia apenas do sentido que a palavra tem quando é dita ao juri popular, e sim que o amor, ele não é quase nada se não existe paixão, seja por estar ali, ou pelo corpo que te come, te abraça. Eu devia venerá-lo, pelo simples gesto de me amar.

Um comentário:

Guilherme disse...

Doses de melancolia misturadas com o amor sem paixão, o amor por comodidade, para simplismente ter por perto talvez. Isso nunca funcionou muito bem pra quem sempre busca outro coração, além de alguém.

Bonito, Mari.