sexta-feira, 17 de junho de 2011

Infelizmente a eternidade pode acabar amanhã, e por mais sutil que tenha sido, nossa eternidade terminou. E eu consequentemente me afogo em mágoas, saudades, no restante de ti. Talvez no meu guarda-roupa algo ainda tenha teu cheiro, na boca talvez ainda reste um pouco do gosto, do que não vamos relembrar. Sabe aquela linha tênue entre o amor e o ódio, essa linha que por tantas vezes ultrapassei e retornei, por ti. Ora amor, tu és todo errado, todo torto, tão perfeito. É um pouco tarde pra sonhar contigo navegando sobre linhas do meu nome, as margens e me corrependo num abraço, ainda que inesperado, porém sempre, sublime. Se houver sorte para mim nesta vida, hei de morrer de saudades. Se só houver azar, hei de morrer te amando. Pois meu erro é também minha certeza. E eu nunca vou deixar de te amar, pois o feito não pode ser desfeito. Porra guri quem te fez assim? Quem disse que pra ser eterno precisa seguir o rumo do infinito? Quem disse que um dia, por um acaso, te esquecerei? Quem te fez acreditar que seria assim, vazio, sem adeus? Espero que não tenha sido quem te fez pensar que isso não é amor.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Talvez lhe fosse diferente, mas aquelas linhas já pareciam tão conhecidas que caminhava por elas sem sombra de dúvida. Felipe às vezes se perguntava qual era a graça de viver uma vida que já se conhece, mas isso não significa que se propunha a mudar, muito pelo contrário, acomodado naquele sofá vermelho recebendo o mesmo sermão da semana passada, ele sorria por saber as respostas de cor, sabia que acabariam em beijos e depois deitados de costas na cama. Maria não era um mistério, era um livro que se entrega pela capa, fazia o jantar sempre na mesma hora, e acordava-o todos os dias com o mesmo beijo matinal, sempre torto, errado e imperfeito, porém habitual, confortável e seguro. Não sabiam se aquilo era amor, nem se preocupavam em descobrir. A sala, o sexo, os beijos, as falas, sempre iguais. Mas pra quê se tá bom assim? Felipe acreditava que tinha tudo, e nunca tinha nada em mãos. E a proposta desde sempre era a de passaram a vida juntos, sem a compreensão que procuramos loucamente quando pensamos nesse pedaço de eternidade, nessa ânsia que sentimos em achar que o amor é feito do que nem mesmo sabemos explicar. Eles se acharam, se mereciam e se aturavam, assim seria até o dia em que um morresse e de amor o outro se mata-se.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Já fiz viagens, já contei, vi e li histórias, mas em nenhuma destas encontrei um olhar como esse que ela dá. Não sei nem se consigo desifrar o que ele significa, até porque eu mesma estou perdida nele; enquanto você se perde e se intromede em coisas que não são suas. Não mentiria dizendo que o mundo é justo, posto que isso tornaria tudo isso um mero pretexto para um avanço do clichê. Eu fui devidamente informada sobre o fato de toda pessoa ter um alguém, algumas vezes estes alguém são deixados em becos e esquecidos, em outras vezes são carregados por longos espaços de tempo causando grandes problemas as suas costas. Certo dia, quem sabe, alguém pode decidir dividir tal peso com você e carregar seu passado desde que isso te leve a um presente diferente. E mesmo você estando cansado, fétido e triste sempre existe a possibilidade de mudar. Normalmente não aceitamos mudanças sem motivos, pedidos e um ilustre drama. Ninguém se joga de cara no chão sem ter plano de saúde. Mas se alguém me olhasse com tanto amor nos olhos que chega a fugir para o sorriso, bom talvez assim eu pulasse. E eu amo quem sorri.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ela se sentou ao lado dele já sorrindo, o mesmo sem entender lhe sorriu de volta;
- Estou esperando que você ganhe pontos por superação. - Ele disse.
- Ainda não se cansou de sonhar por mim?
- Infelizmente sim, por nos dois.
- Já te pedi perdão antes, eu sei, mas...
- Nunca foi falta de pedido.
- De vontade, tá.
- Às vezes eu fico pensando porque se deu ao trabalho de entrar na minha vida e fuder tudo mais uma vez?
- Não era intenção, eu realmente gostei de você.
- Eu te amei, sente a diferença?
- Não é que eu não sentisse o mesmo..
- Então era por?
- Porque eu sentia mais por outro alguém.
- E esse alguém te quer?
- Nem sempre, mas eu precisava escolher. Existia uma vida antes de você e a sua vai continuar existindo sem mim.
- Você não vê o que faz comigo né?
- Finjo que não.
- Bem você mesmo.
- É bem nos dois.
- Nunca mais vai querer me ver?
- Não pretendo..
- Vai falar por que, ou preciso implorar?
- Porque você é o único que pode me fazer mudar de idéia.
- Ah..
- Ai lá vem você e suas meias respostas. Não sabe como me irrita.
- Acho que eu ganhei esse direito.
- Você tem o dom de fazer tudo na hora errada, dá pra prazer?
- Não te entendo.
- Nunca achei quem o fizesse.
- Também, quando permitiu?
- Por que você é assim? Antes essa pergunta era boa. Te gostar me desgasta, sempre foi assim.
- Então tchau.
- Foda-se.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ponha a mesa do jantar, as taças cheias, não, não quero comida amor, só quero o vinho. Mais tarde leva-me para a cama, desforre-a, dispa-me e perdoe sem pedido meu descaso pelo jantar. Acordarei no meio da noite, não te encontrarei na cama e chorarei pela vergonha que te fiz passar. Eu sempre bebo demais, nunca amo demais. Passo a noite em claro pensando em coisas que não te dizem respeito, mais em mim do que no arrependimento que logo irá por total desaparecer.
Um beijo breve, seguro tua mão, um sorriso. Três horas, desculpe, dormi. Você me pergunta algo, peço para repetir, sabe as vezes as idéias demoram a me honrar com sua presença. "Por quê você não me deixa te amar?", eu penso "Ah, pode amar só não espere retorno, amor", porém responde "Só me permitir amar-te também". Talvez já me ame, talvez eu te ame, dúvido. Hoje eu aceito uísque, você tira minha roupa e eu não vejo graça, mas quem sou pra te impedir. Ei, me traz mais uma dose, quem sabe quando acabar. Três selinhos no fim, nada.
Talvez eu seja cruel, ele afirma que sou. Não pede, não implora, só renega. Diz que acabou... Ei, por quê isso doí? Seguro choro, peço perdão, eu vou mudar prometo. Porra, volta aqui. Não, tudo bem, não me importo mais. Pode ir. Mas que merda. Deito, choro, é só a perda, esquece. Uma semana, um mês, muitos outros. Acho que sei mais sobre mãos, bocas e perfumes do que um dia ele pretende saber. Uma conversa, somos amigos, penso em beijá-lo e ele diz até logo, mas soa tanto como Adeus. "Caralho, você namora a cópia do seu antigo namorado, cuidado não começa a ler o mesmo livro, pode mudar a capa, mas o fim não é igual?" Não sei não, deve ser. E no final, quem liga?