sábado, 20 de junho de 2009

Amor

O silêncio ocupava o quarto, éramos apenas nos dois. Eu queria abraçá-lo e nunca mais deixá-lo, tinha a certeza que na perda deste nada mais faria sentido. Ele me observava com olhadelas rápidas e discretas, mas eu podia sentir seus olhos queimando em meu pescoço, podia sentir também as minhas pequenas bochechas corando. O quarto parecia ficar a cada segundo mais quente, eu acreditava que logo me faltaria ar. Apertei minhas mãos, uma contra a outra, quando uma mão gelada pousou lentamente sobre elas. Eu tremi. Ele retirou a mão que se encontrava sobre as minhas e a recolocou em meu pescoço. Frio na espinha. Ele puxou meu rosto contra seu peito e passou os braços em volta do meu corpo, ternamente. Eu podia sentir seu perfume leve, assim como também podia sentir minha pele queimar ao seu toque. O calor passava rapidamente, fora trocado por outra sensação, esta nova sensação era adorável, e já mal sabia viver sem ela. Pressionei levemente meus lábios em sua pele, ele me apertou mais forte. Minutos, dias ou horas se passaram, eu não notei, não me importei. Depois disso nada mais parecia me satisfazer, nada era bom o suficiente. É certo que não deixei de amá-lo e nem ele deixou de sentir afeição por mim, porém amor é uma mudança constante, nos mudamos, então nosso amor mudou. Seu abraço não tem mais o mesmo segredo ou me surpreende. A falta de toque certas vezes me satisfaz, trazendo na memória esta simples lembrança e da forma que me senti viva, quente nela. Deixo claro também que nunca deixei de me sentir viva, pois desde então o fogo continua queimando a minha pele. Mesmo que ele não me toque mais, ainda sim é ele que importa, é ele o personagem principal da minha própria história.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Morto-vivo

Vá, se quiser. Certamente eu não tentaria lhe parar. E não, não é por falta de sentimento, estes fazem meu coração inflar com o mais simples olhar. Meus passos, eu tento mantê-los silenciosos, não quero que tu me vejas chegar, não quero ver seus olhos inundados novamente. Suas lágrimas leves e pequenas se transformam em meu sangue. E quanto mais tu choras, certamente encontro com a morte. Pois o teu sofrer, é o meu sofrer. Tomei tuas dores, teus amores, teu choro, são meus. Tua voz quando chama meu nome, me faz tremer, temer o teu sofrimento, a tuas lágrimas do meu sangue. Eu não penso em ti, ou no quanto lhe machuco, penso em mim e no quando me machuco. Antes eu me encontrava em teu lugar, e eu chorava o teu sangue, talvez seja por isso que lhe entendo tão bem e que teu sofrimento torna-se meu. É muita destreza de minha parte manter-te a meu lado, incondicionalmente? Veja bem, torno-me um simples cadáver para somente estar teu lado, para secar tuas lindas lágrimas. Imploro que esquente meu corpo esta noite, ela será mais fria do que imaginas, e eu preciso do teu corpo junto ao meu pela última vez.