quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eu vejo a dor

"Será que eles não entendem que a dor no fundo esconde uma pontinha de prazer"
Faz frio lá fora, neva aqui dentro. Dor prazeirosa vem adocicada em sua forma, desce pela garganta queimando com fervor. Meu desejo não passa, e o vício não volta. A droga deixada, a cura implorada, as frases abstradas que saem da voz fraca. Sempre pensei em como seria, não omito, mas assim supera as espectativas. Veja o roxo, o verde, a cor do pobre, eu sou podre. Suja, fúnebre, medíocre. Sou um verme, e me considerava mulher. Diz que sou fria, que te faço mal, que mancho tua roupa, tua boca. Infectado, quarentena, teu corpo é meu, sou tua doença. E com todo sentido da frase, pretendo te matar, sugar tua vida, deixar-lhe de herança a dor que me afundei, meu amor. Diz que vem, vou contigo do purgatório ao inferno, já que ambos merecemos isso. Ordeno, escutás meu coração, o som que devia ser teu e que agora bate por ter de bater. Tic, tac.
Sou fria, és frio. Por isso neva, chove, faz frio, trememos... E assim vivemos. Vivo sem você, vive sem mim. Mal necessário te querer sem conseguir te amar mais. As outras tomarão meu lugar, como outros tomarão o teu. Tenho pena, porém não tenho piedade de mim mesma... Jamais.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tormenta

Os tempos mudaram, abram suas mentes, senhores.
Apreciem o novo show, devo dizer que as coisas mudaram, que as dores são outras, que as respostas nem sequer existem mais. Atenue sua dor, o sabor. Sinta o desejo nas veias, o sangue na boca. E com certeza a loucura te subindo a cabeça.
Tirou-me do sério, levou-me as alturas. Completou as bordas, e jogou-me fora. Eu não sinto dor, mostro com destreza a força que em mim está presa. Tornou-me louca pois estou neste abismo onde não posso te encontrar, onde os corpos não emitem calor e o frio chega rápidamente a sua posição natural, deixando-me estatelada no chão.
Eu não faço mais sentido e minha vida é um circo, muito obrigada.