sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mentiras a parte

Quero gritar neste exato momento, mas sento-me no sofá pra tirar os sapatos. Olho vagamente para o teto, tentando pensar no meu erro mais uma vez. A minha imagem dele fluia na minha mente, lenta e repetidamente, o que na hora havia sido tão rápido agora se passava com lentidão. Deito-me, e solucei, mordendo de leve meu braço, sabe-se lá porque eu faço essas coisas quando fico raiva. Então fecho os olhos, e presto atenção no silêncio.
Ele chutava minha porta, arrombando-a, jogando-a no chão. Minha boca tomava um formato redondo, e minhas mãos apertavam incansavelmente meus joelhos. Ele se aproximava, parecia lento demais, então procurei o controle que devia estar no sofá. Assim a cena se passava mais rápidamente, e ele já me tinha nos braços. Beijando da minha mão até a minha nuca. Um suspiro quente e uma breve palpitação. Seus lábios encontram os meus, e subitamente ele se afastou, como fumaça.
Abri os olhos e sento novamente. E levantando do sofá e fazendo minha caminhada lenta até o quarto. Minha porta continuava intacta, eu observei, e meu corpo continua inerte, já ele continuava com ela.