sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sentou-se ao meu lado naquele pequeno sofá com os pés descalços, as pernas tão nuas quanto o sorriso estampado em seu rosto. As vezes me pegava enfeitiçado por cada parte desnuda de seu corpo miúdo, não pela nudez, e sim porque tanto a cor, quanto o cheiro chamavam, imploravam pelo toque. Ela segurou minha mão, apertando levemente e fazendo carinho com o polegar, me distraíndo do filme que passava na tv. Queria dizer-lhe coisas, mas o que não dizemos é sempre o que mais queremos expressar. E eu não sabia o que dizer. Alguém como ela não merecia o silêncio, era tão dona de si, parecia ter o comando de cada mínima parte. A voz sempre no tom certo, para o momento certo. Talvez fosse o sorriso sempre estampado, que me comia e corroía de desejo. A vontade de invadir tais lábios com os meus era tamanha que chegava a segurar com a ponta dos dedos no sofá. Sequei o suor que me descia o pescoço, ela piscou e pela primeira vez fechou o sorriso. Enrijeci. Um toque suave dos lábios, o gosto do meu coração na boca, o riso que encheu a sala. Tamanha perfeição só podia ser sinônimo de perigo.

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