sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eu juraria que não havia mudança além do seu cabelo discretamente mais longo e do rosto um pouco mais corado. A voz mantinha o mesmo efeito sobre mim, os olhos causam o mesmo torpor, quem é você? Ela como sempre sorriu ao me ver, mas esse sorriso eu não sabia o significado. Sentei-me ao seu lado, sem conseguir desviar os olhos, sem querer piscar, quem é te fez assim?
Eu balbuciei algumas vezes procurando o que e como falar, até que saiu, simples assim:
- Como é que anda a vida?
- Vai bem desde que você se foi. Por quê quis tanto me encontrar?
- Senti saudades. Você não?
- Procuro não pensar. - Minha mandíbula estralou tão baixo que aposto que só eu mesmo ouvi.
- Então por que veio?
- Queria te ver.
- Eu não te entendo.
- Nunca tentou.
- Como não?
- Tá na cara que não. Não adianta ler o final de um livro e se esquecer do resto. Você se esqueceu do resto.
- Você se esqueceu do amor!
- O que é que você sabe sobre o amor?
- Eu amei você.
- Não, eu amei você...
- Então por quê se foi?
- Por te amar de menos.
- E quem você ama demais?
- Não é sobre o presente, é sobre o passado.
- Pára de fugir, você só mente.
- Um dia você vai acordar, vai notar e saber que amor não é como a gente quer, desculpa se não fui perfeita, desculpa por não querer um péssimo fim. Desculpa por amar mais as memórias do que consigo amar você. Desculpa por ir embora, mas eu nunca, nunca vou pedir desculpas por não voltar.
Sentado eu olhei aquela mulher que nunca conheci realmente, que eu beijei sem procurar o gosto, aquela mulher que me deixou por saber que esperar ia doer ainda mais.

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