quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Talvez lhe fosse diferente, mas aquelas linhas já pareciam tão conhecidas que caminhava por elas sem sombra de dúvida. Felipe às vezes se perguntava qual era a graça de viver uma vida que já se conhece, mas isso não significa que se propunha a mudar, muito pelo contrário, acomodado naquele sofá vermelho recebendo o mesmo sermão da semana passada, ele sorria por saber as respostas de cor, sabia que acabariam em beijos e depois deitados de costas na cama. Maria não era um mistério, era um livro que se entrega pela capa, fazia o jantar sempre na mesma hora, e acordava-o todos os dias com o mesmo beijo matinal, sempre torto, errado e imperfeito, porém habitual, confortável e seguro. Não sabiam se aquilo era amor, nem se preocupavam em descobrir. A sala, o sexo, os beijos, as falas, sempre iguais. Mas pra quê se tá bom assim? Felipe acreditava que tinha tudo, e nunca tinha nada em mãos. E a proposta desde sempre era a de passaram a vida juntos, sem a compreensão que procuramos loucamente quando pensamos nesse pedaço de eternidade, nessa ânsia que sentimos em achar que o amor é feito do que nem mesmo sabemos explicar. Eles se acharam, se mereciam e se aturavam, assim seria até o dia em que um morresse e de amor o outro se mata-se.

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